Informações importantes a todos os estudantes
Definições
1) A diferença entre aluno e estudante.
Aluno é quem assiste aula, passivamente, sendo ensinado pelo professor. Do latim "criança de peito", "lactante".
Estudante é quem estuda, ativamente, fazendo exercícios e resumos de livros, solitário. Busca o conhecimento por iniciativa e esforço próprio.
2) O papel do professor.
Professor é aquele que professa, que fala publicamente, que ensina, que ministra aulas, que tem a perícia sobre um assunto. Do latim "o que se dedica a".
O papel do professor é ensinar os alunos, fazer com que entendam o conteúdo. O professor, como um sacerdote do conhecimento, deve ser respeitado e deve ter fé pública.
O professor deve inspirar os alunos a estudar. Para isso, ele deve demonstrar conhecimento, eloquência, e domínio do conteúdo. Deve apresentar o conteúdo na forma mais clara, objetiva, ampla e encadeada possível. Deve atender os alunos com presteza e simpatia. Nunca deve faltar às aulas, e nem deixar de cumprir a ementa (na medida do possível).
3) A diferença entre ensinar e aprender.
Ensinar é ação do professor e significa literalmente "fazer sinal", "apontar", "mostrar", "indicar". O (bom) professor "mostra com precisão", "se faz entender", "transmite a conhecimento e a experiência prática" para o aluno.
Aprender é a ação do estudante e significa literalmente "apreender", "tomar posse" do conhecimento. Aprender também significa "adquirir conhecimento a partir do estudo".
"Na aula, o aluno entende mas não aprende. A pessoa toma posse do conhecimento apenas depois de estudar."
Do the Best Professors Get the Worst Ratings?
"To summarize the findings: because they didn't teach to the test, the professors who instilled the deepest learning in their students came out looking the worst in terms of student evaluations and initial exam performance."
4) Excelência e mediocridade.
Excelente é aquilo que se sobressai, superior, distinto, que se eleva acima de. Uma pessoa que vence os próprios limites demonstra excelência. "Uma pessoa excelente é aquela capaz de reconhecer e apreciar o bom, o notável, o brilhante, o belo ou o original, quer seja ou não artífice do objeto apreciado. Não é preciso ser Aristóteles, Dalí ou Einstein; a excelência também está presente nos que sabem admirar o talento dos outros e tomá-lo, subtilmente, por modelo".
Mediocridade é o oposto da excelência.
"Pacto da Mediocridade: O professor finge que ensina, e o aluno finge que aprende."
5) Vencer ou fracassar
"Vencer ou fracassar" não se deve ao resultado de uma avaliação ou ao rendimento em uma disciplina. "Vencer ou fracassar" está associado à atitude contínua da pessoa ao longo de sua jornada.
O vencedor é aquele que não desiste, que procura soluções, que ao encontrar uma barreira não descansa enquanto não encontrar uma maneira de atravessá-la, que testa novas possibilidades para obter novos resultados, que é ativo e perseverante.
O fracassado é aquele que desiste, que procura desculpas e culpados, que se deprime ao encontrar uma barreira, que não procura novos métodos e não tenta se aprimorar, que é reativo e pessimista.
As instituições de ensino.
O ensino coletivo surgiu com um único propósito: formar e capacitar mão de obra.
"O trabalho é a riqueza das nações" e "a única posse do proletariado é a sua força de trabalho".
O papel do ensino fundamental é treinar o cidadão nas capacidades básicas de leitura, escrita, realização de operações matemáticas simples, na capacidade de localização geográfica e histórica, e na compreensão rudimentar das ciências, proporcionando-o o mínimo necessário para viver na sociedade contemporânea, e ser posteriormente treinado em alguma profissão específica.
O papel do ensino médio é expandir e aprofundar o treinamento intelectual que se iniciou no ensino fundamental, desenvolvendo no cidadão os rudimentos do raciocínio crítico, amplo e independente. Originalmente tinha função técnica-profissionalizante, mas acabou se tornando uma formação generalista e global, base para posterior profissionalização.
A universidade é o centro do desenvolvimento científico, tecnológico e intelectual, cujo objetivo é criar, aplicar e disseminar o conhecimento, tendo como prioridade fornecer um ensino de excelência (curso superior) aos futuros líderes das mais diversas áreas da sociedade. O curso superior é longo, mais longo que o ensino médio ou um curso técnico-profissionalizante, e demanda um esforço também superior.
Se pergunte: Vale a pena cursar um curso universitário?
Considerações sobre o ensino superior público no Brasil (foco nas engenharias)
1) Em média, 1/3 dos alunos desistem do curso antes do término [1, 2, 3];
2) Em média, 5/7 dos formados em engenharia não exercem a profissão [4, 5]. Ou seja, trabalham em ocupações "não típicas" para um engenheiro ou mudam completamente de área;
Isso implica que, em média, 8 de cada 10 estudantes [24] que entram na universidade estão desperdiçando energia, juventude, dinheiro público, e acumulando uma enorme carga de frustração, tristeza, vergonha, culpa e raiva [1].
'Geração do diploma' lota faculdades, mas decepciona empresários
Estudar em uma universidade renomada garante sucesso profissional?
A situação da Pesquisa e Pós-Graduação.
Você quer mesmo ser cientista?
Working on a Ph.D.? There may not be an academic job for you at the end of the tunnel.
Erros comuns que os alunos cometem
1) "Entrei na universidade, zerei a vida".
"Agora o que importa é o diploma".
A graduação é um pulo de um precipício, e só sobrevive quem consegue desenvolver asas durante a queda.
"Infelizmente, o mundo não é um lugar tão fácil assim, e curiosamente carreiras tendem a ser muito difíceis. Grandes carreiras consomem anos de sangue, suor e lágrimas para se construir – mesmo aquelas sem flores e unicórnios – e mesmo as pessoas mais bem sucedidas raramente vão estar fazendo algo grande e importante nos seus vinte e poucos anos."
2) Achar que "assistir aula" é o mesmo que "estudar".
"A educação no Brasil está uma catástrofe porque temos milhões de alunos e pouquíssimos estudantes."
3) "Essa disciplina é desnecessária para minha formação".
Nenhuma disciplina que está na matriz curricular é desnecessária. Acontece que às vezes o professor ministra a disciplina em baixo nível, ou não cumpre o conteúdo, e tudo aquilo parece uma enorme perda de tempo. Quando isso acontece, o estudante deve buscar a ementa, um bom livro, e estudar sozinho.
4) "Vou pegar aquele professor porque é mais fácil passar com ele".
Buscar essa situação é o mesmo que comprar o diploma. Toda "facilidade" tem um preço. Os professores que não cumprem o conteúdo ou não testam seus alunos em um alto nível estão produzindo buracos na formação desses alunos que normalmente são irreversíveis.
5) Não reconhecer a própria ignorância, e ser confiante com aquilo que não domina.
Efeito Dunning-Kruger.
Quanto mais superficial é o conhecimento de uma pessoa sobre um determinado assunto, maior é a confiança relativa que ela tem sobre esse assunto. Ou seja, ela tem a impressão que sabe muito mais do que realmente sabe.
Depois do advento da internet, onde o conhecimento é amplo e superficial, esse efeito se tornou exponencialmente mais presente. Todos têm opinião sobre tudo, e não conhecem profundamente quase nada.
6) Não criticar as próprias crenças e convicções.
Uma vez que uma ideia, certa ou errada, é "impressa" em sua mente, é necessário um esforço gigantesco para retirá-la de lá. Por isso as pessoas dificilmente mudam de religião, orientação moral, time de futebol (escolha esportiva em geral), orientação política (especialmente partido), ou gosto musical (cultura e arte em geral).
Quando se trata de ciência e tecnologia, conceitos básicos errados que a pessoa carrega consigo criam uma enorme barreira para o entendimento de fenômenos e conceitos mais complexos.
"O cérebro acaba, assim, ‘editando’ as informações que recebe, complementando-as, realçando aquelas que conferem com os padrões que já possui e reinterpretando-as a sua maneira própria. Dessa forma, acaba também por justificar e validar as ideias e modelos preexistentes, em um processo de retroalimentação e reforço de ideias e padrões."
"Somos ‘viciados’ em selecionar, entre todas as informações e fatos com os quais travamos contato, apenas aqueles que confirmem o que já acreditamos, ignorando ou afastando mediante racionalização aquilo que contradiz nossas crenças."
E é basicamente por isso que Video Aulas são tão ineficientes.
7) Preguiça mental (efeito Google).
"A tendência do cérebro humano de reter menos informação porque ele sabe que as respostas estão ao alcance de alguns cliques". Isso reflete o fato que pensar, estudar e aprender envolve um gasto de energia (cansa, fatiga, dói), e o cérebro procura economizar energia.
Este efeito, junto com a resistência em mudar crenças e convicções, faz com que o aluno não absorva praticamente nada quando assiste pela segunda vez uma mesma aula (caso tenha reprovado na disciplina anteriormente).
8) Precisar de motivação para estudar.
"Foda-se a motivação, você precisa de disciplina".
"Pondo de uma maneira simples, você não espera até estar em forma olímpica para começar a treinar. Você treina para chegar na forma olímpica."
9) Se desmotivar e parar de se esforçar, acreditando que é impossível obter a excelência.
"Não existe gênio nato".
Todos são capazes de alcançar a excelência. Com o método certo, e trabalho contínuo, todos os objetivos podem ser alcançados, todas as perícias podem ser treinadas e desenvolvidas.
10) Se enxergar como vítima (na universidade pública).
O estudante da universidade pública é tudo, menos vítima.
Cada estudante custa ao estado aproximadamente dois mil reais (R$ 2000,00) por mês (o orçamento da UTFPR é de meio bilhão de reais por ano). Ou seja, a formação de um único profissional no ensino superior custa ao estado mais de cem mil reais.
Em um país civilizado, isso traria uma enorme carga de responsabilidade sobre todos os ingressantes. Mas não é isso que acontece, pois estamos em um país em que todos defendem direitos e ninguém defende deveres.
Pelo menos 30% dos ingressantes desistem antes do fim do curso (sem precisar devolver um centavo ao estado), e mais de 60% dos egressantes não exercem a profissão (devido a suas falhas de formação).
Solucionando problemas
1) Choque de realidade:
1.a) Se convença que a universidade não é perfeita, e que sua formação depende majoritariamente de seu esforço;
1.b) Não existe gênio. Todos são "macacos treinados". Se alguém parece mais inteligente, é porque está melhor treinado;
1.c) Se aparentemente você é mais "inteligente" e por isso estuda menos, na verdade você é burro. Logo você vai ficar para trás;
1.d) Aprenda a estudar. Há diferentes métodos;
1.e) O cérebro não é muito diferente de um músculo. É necessário um treino profissional e contínuo para atingir resultados profissionais;
2) Planejamento:
2.a) Faça um cronograma de estudos (estudar = fora da sala de aula);
2.b) Não se matricule em mais do que 30 horas-aula por semana;
2.c) Gaste de 10 a 20 horas por semana fazendo listas de exercícios, resumos, e tirando dúvidas;
2.d) É melhor reprovar uma disciplina e depois fazê-la novamente com maior dedicação no semestre seguinte. Fazer uma disciplina mal feita irá prejudicar o curso todo;
2.e) Estude o conteúdo aos poucos, de maneira distribuída, intercalando e encadeando as diferentes disciplinas;
3) Compromisso:
3.a) Não falte às aulas. Cada hora dentro da sala te economizam em média duas horas fora dela (isso é garantido apenas se você estiver assistindo a disciplina pela primeira vez);
3.b) Faça as listas e trabalhos em dia. Não deixe para estudar na última hora ("aula dada, aula estudada, hoje");
3.c) Procure re-estudar o conteúdo que você não domina bem;
4) Entusiasmo e foco:
4.a) Participe de vários projetos e principalmente estágios durante a sua graduação;
4.b) Não se nivele por baixo. Estude mais do que o professor ou o livro texto oferecem;
4.c) Guarde o videogame, o computador, os cardgames, o RPG, os quadrinhos e evite perder o foco;
4.d) Estudar não se limita aos livros. Pensar nos problemas 24h por dia é o segredos dos gênios. Obsessão. É possível pensar em ciência e tecnologia em todos os lugares. Se você desliga seu cérebro assim que sai da sala de aula, muito provavelmente você fracassará;
5) Direitos e deveres:
5.a) Cobre do professor que apresente e discuta a matéria toda. Não existe conteúdo "inútil" ou que possa ser ignorado.
5.b) Cobre do professor que apresente esse conteúdo em nível superior. Se o conteúdo apresentado se limita a um nível que um aluno do ensino médio consegue facilmente acompanhar, então provavelmente (mas não necessariamente) há algo errado;
5.c) Cobre do professor que se mantenha atualizado. Ciência e tecnologia são conteúdos dinâmicos, e manter as raízes no século XIX é extremamente prejudicial aos alunos;
5.d) O professor se comporta de maneira antiética quando: 1) falta sem avisar e não substituir a aula; 2) substitui as aulas por seminários de alunos; 3) finge que dá aula. Denuncie se isso ocorrer.
6) Saúde:
6.a) Realize alguma atividade física. Lembre-se que "corpo são, mente sã". Seu cérebro precisa de oxigênio e energia, assim como seus músculos;
6.b) Mantenha a qualidade de sono. Se não conseguir dormir direito, não há como aprender direito. Durante o sono acontece atividade cerebral essencial para a fixação da informação e organização do conhecimento;
6.c) Se alimente direito. Isso influi diretamente sobre todos os itens anteriores.
